No dia 3 de outubro, decorreu no espaço Eleven, em Lisboa, o II Encontro Global Risks que juntou os principais brokers do setor segurador para uma sessão sobre perspetivas macroeconómicas para 2022/23, os riscos que se anteveem para este período e as principais dificuldades e oportunidades do setor segurador.
O evento contou com a presença dos principais responsáveis da MAPFRE Global Risks, unidade do Grupo MAPFRE que oferece soluções globais e integrais para clientes corporativos internacionais a nível mundial. Entre os desafios foram assinalados o impacto da inflação e envelhecimento da população no setor segurador.
O CEO da MAPFRE Portugal, Luis Anula, destacou os resultados positivos da companhia, que quer continuar a crescer no mercado português com rentabilidade e foco nos clientes, com uma estratégia multicanal, apostando na transformação e agilização dos processos de negócio.

Jose Antonio Ruibal, da MAPFRE Global Risks, recordou as principais crises que atingiram o mundo nos últimos três anos, destacando o bloqueio do Canal de Suez, a pandemia, o bloqueio dos portos da China e a guerra da Ucrânia, contra a qual “nos defrontámos quando achávamos que o setor segurador ia voltar a crescer”.

Para José Manuel Inchausti, CEO Iberia da MAPFRE e 3.º vice-presidente do Grupo MAPFRE, um dos maiores desafios será o envelhecimento da população para a sociedade em geral e, consequentemente, para a companhia.

Com análise do orador convidado, o professor António Nogueira Leite, economista e antigo Secretário de Estado do Tesouro e Finanças, foram destacados os níveis de incerteza atuais sem paralelo: "Nos últimos meses houve uma redução do consumo privado, uma reação à perda de rendimento real das famílias”, o decréscimo da confiança dos consumidores, em linha com outros países europeus, gerada pela incerteza, significa um abrandamento da economia.
Sobre a conjuntura incerta, Nogueira Leite considerou que “os portugueses se adaptam bem”, mas apontou como riscos para os próximos anos a subida das taxas de juro e o facto de 95% das hipotecas serem a taxa variável, contra uma média de 15% na UE. Por outro lado, o aumento da fatura energética também afeta as empresas. Salientou ainda problemas graves por resolver em duas áreas: terceira idade e saúde. “Existe muito para fazer pelos seguros em áreas que o Estado não consegue resolver”, considera, destacando ainda o facto dos níveis de proteção patrimonial em Portugal serem especialmente baixos.
Para o orador, a pressão demográfica e a população envelhecida terão consequências em muitas áreas: “Há um problema de sustentabilidade da Segurança Social. (…) Uma pessoa que nasceu em 1976, quando se reformar vai ter apenas 45% do seu último salário. É um problema, mas também uma oportunidade para as seguradoras, que podem ajudar a resolver os problemas das famílias”. Na assistência a idosos também existe um problema de oferta: “É uma área de dificuldade mas também oportunidade”.
No que respeita à saúde, “olhando para como as coisas funcionam, para a evolução da medicina com prolongamento da vida, e que está mais cara do que antes, qualquer sistema de saúde vai ter de investir muito nas próximas décadas. O recurso ao sistema cooperativo e privado vai aumentar, oferecendo serviços à altura das nossas expetativas”, reforçou.
Sobre o potencial de desenvolvimento do setor segurador, Nogueira Leite considerou que os portugueses consomem poucos seguros e que o setor tem muita margem para crescer. “Os problemas estruturais sem o setor segurador serão muito mais graves”, concluiu.

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